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Archive for 2013
Quando contei meus anos...
Esse final de semana eu parei para refletir e percebi que apesar de ter feito tantas mudanças, ainda há ao meu redor, muito daquilo que repudio; ainda há em mim muitas destas coisas. E então que como dizem, as palavras certas sempre nos encontram, vi uma parte deste texto que foi publicado por uma amiga, e por conta de uma divergência com relação a autoria, acabei encontrando um dos melhores livros que já li, nos ultimos tempos: "Eu creio, mas tenho dúvidas" de Ricardo Gondim.
Todo o livro, mas em especial o texto que reproduzo abaixo, foi como uma resposta as tantas perguntas que não saiam da minha cabeça. É desafiador, te tira da zona de conforto e te faz ver que tem muito em você daquilo que você critica no mundo. Agradeço ao universo como sempre por ter a oportunidade de ler e divido com vocês. O livro traz uma série de questões religiosas que são mais voltadas a quem é cristão, como não sou precisei abrir mão de meus próprios paradigmas para aproveitar o conteúdo, consegui fazer isso, valeu muito pena, sugiro que façam o mesmo.
Tempo Que Foge
Descobri que terei menos tempo para viver daqui pra frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras ele chupou displicentemente, mas percebendo que faltavam poucas, passou a roer o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me como invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais workshops onde se ensina como converter milhões usando uma formula de poucos pontos. Não quero me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, parlamentares procedimentos e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que organizações procuram se proteger e se perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo de administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação" para "tirar fatos a limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis ou as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Gosto, e ponto final! Lembrei-me de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, debatem apenas rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos."
Já não tenho tempo para ficar explicando se estou ou não perdendo a fé. Porque admiro a poesia de Chico Buarque e de Vinicius de Moraes; a voz de Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, de Thomas Mann, de Ersnet Hemingway e de José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente muito humana, que sabe rir de seus próprios tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para "ultima hora". Não foge da sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda tempo.
Aqui o link para o livro no Google:
http://goo.gl/JD99a
Sobre a foto: É de Bombinhas, SC, meu lugar favorito no mundo, no trapiche.
É pra lá que eu me transporto quando quero meditar.
É pra lá que eu me transporto quando quero meditar.